HÁBITOS CARIOCAS NA VISÃO DA
AMERICANA PRISCILLA (2)
Continuação... Vim
para o Rio pela primeira vez com 6 semanas de idade e, mesmo tendo passado
muitos anos nos Estados Unidos, nunca mais me curei. Como a minha visão é
suspeita, perguntei a um amigo britânico, Christopher Pillitz, portenho da
criação e fotógrafo com mais de oitenta países na mira de sua lente, qual era a
sua cidade predileta. Resposta?
Rio de Jnairo. Ele diz: “A vida do carioca é boa, mesmo que
não seja”!
Infelizmente, nem um Maraca repleto de velas acesas para São
Jorge é suficientemente poderoso para proteger o carioca, no seu dia a dia, do
crescimento desordenado que vem transformando o sonho de Vinícius num inferno
de Dante. Mas, olha só, cidade perfeita não existe. Carioca, eternamente
otimista que é, prefere encarar os obstáculos à sua felicidade como um porém. O
Baixo Gávea tá inundado? Duas horas parado num engarrafamento? Alvo de assalto
naquela saidinha do banco? Calma, vai melhorar.
No decorrer destas duas décadas desde que escrevi meu livro,
a cidade mudou bastante, mas o delicioso encantamento e a eterna informalidade
continuam intocados. Como qualquer carioca, arrasto o chiado com orgulho. Já
aprendi a chamar o garçom pelo nome e meus amigos de mermão. Encaro o “código
secreto” do carioca numa boa. Sei que hora marcada no Rio é “por volta de”, e
“tô chegando” significa que fulano está começando a se levantar do sofá. As
frases “te ligo” e ‘a gente se vê” correm soltas para aqueles com quem jamais
vou me encontrar de novo.
Hoje, atribuo o que defino como minha esquizofrenia cultural
à dicotomia criada pelo meu inerente sentido de ordem e minha fascinação pelos
caos que só uma cidade trepidante como o Rio de Janeiro pode oferecer.
- Valeu, mermão. Beleza! Aparece lá em casa. Priscilla Ann Goslin, americana de
Minnesota, em quatro décadas de Rio se tornou Ph. D. em carioquice e escreveu o
best-seller How to Be e Carioca. Jornalista
Léo.
(LM
jornalistaleo@radiosentinela.com.br www.radiosentinela.com.br
15-01-15)
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