quarta-feira, 13 de abril de 2016



ABORTO EM TEMPOS DE ZIKA
      Tratado sempre na surdinha, o aborto saiu de trás da porta. A possível relação entre o zika vírus e a microcefalia trouxe o debate para as páginas dos jornais, ainda que esteja longe de ocupar o centro a sala de estar.
            Com a epidemia de zika avançando em diversos países, a ONU defendeu o direito ao aborto em caso de infecção de gestantes. Manchetes como “Homens abandonam mães de bebês com microcefalia”.
            “O aborto é sempre tratado em termos espetaculosos, quase como se estivéssemos falando de arrancar o bebe do útero da mãe.
            A pesquisadora considera importante trazer o tema à tona. “Pode fazer renascer o debate nos termos da saúde pública, do direito da mulher à sua dignidade e à sua integridade física e emocional”.
            Em meio ao ruído, um grupo de advogados, acadêmicos e ativistas preparou uma ação a ser levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a liberação do aborto em gestantes quem vêm sendo associadas ao zika vírus.
            Segundo a antropóloga Débora Diniz, a ação pede a garantia de políticas amplas voltadas à proteção do direito ao planejamento familiar, incluindo acesso à testagem de infecção por zika a todas as mulheres gestantes e, em caso de resultado positivo, encaminhamento a pré-natal de alto risco, caso a mulher deseje prosseguir com a gravidez, ou direito ao aborto legal, caso deseje interromper.
            “Não se trata de autorizar o aborto para fetos com microcefalia”, disse em entrevista à Radis. “Nossa tese é que a autorização para o aborto precisa ser garantida a partir da confirmação da infecção, como um direito da mulher diante de uma grave epidemia não controlada pelo Estado brasileiro”.
            Ela acrescenta que a ação pleiteia ainda políticas sociais que garantam assistência integral, às suas mães e famílias. “Esse é um ponto do qual não abrimos mão”, reforça a pesquisadora, que esteve à frente da ação em 2012 garantiu junto ao STF o aborto para casos de gestação de anencéfalos.
            Diante da polêmica, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se pronunciou.
            O cardeal arcebispo de São Paulo foi mais radical: “Acho que se a humanidade se orientar por privilegiar somente os que são saudáveis, fortes e poderosos, caminharemos para a eugenia”, termo que se refere à seleção dos melhores indivíduos para continuar a espécie humana.
            Para Débora, é cruel chamar de eugênicas mulheres que nesse momento sofrem com uma gestação de riscos imprevisíveis. “Nem todas optarão pelo aborto, e é certo que essas mulheres e seus filhos devem ser cobertas por políticas focalizadas e sólidas para garantir proteção social a uma vida boa”, disse.
            Mas aquelas que não quiserem ou puderem levar a gestação a termo, diante do sofrimento enfrentado, deve ser garantido o direito de escolha pela interrupção”.
            O Papa Francisco deu mais um passo à frente das posições mais conservadoras da igreja católica. Em conversa com os jornalistas, admitiu o uso de métodos contraceptivos em regiões afetas pelo zika vírus. Ele disse que “o aborto é um crime”, mas que “evitar a gravidez não é um mal absoluto”, (A.C.P). Radis 162, março/2016, pesquisa do Jornalista Léo. (LM jornalistaleo@radiosentinela.com.br  www.radiosentinela.com.br 13/042016)

     

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