quinta-feira, 5 de maio de 2016



UM PÉ NO CAMPO, OUTRO NA CIDADE

São Bonifácio se transformou depois de fazer o curso. A chave para o sucesso estava dentro de casa: Elizabeth resgatou as receitas de bolachas da família, que adoçavam o Natal e a Páscoa desde que ela era criança, e abriu uma fábrica na propriedade.
            Com o toque da jovem, as bolachas amanteigadas, tradicionais e de melado ganharam decorações que mais parecem obras de arte. “Estamos sempre aprimorando a decoração. Pesquisamos muitos modelos na internet; essa é a nossa principal fonte de atualização”, conta. Na página do Facebook criada por ela, as Bolachas Buss ganharam o mundo. “Aceitamos encomendas, fazemos vendas e divulgamos os produtos pela internet. Mas também vendemos na propriedade, em lojas de Santa Catarina e de outros estados.”
            O empreendimento deu tão certo que a irmã mais velha e o cunhado largaram a vida na cidade para trabalhar com Elizabeth e o marido dela, Fábio. A empresa tem pouco mais de um ano e já vende cerca de mil bandejas de bolacha por mês. “A gente já foi mais longe do que imaginava”, revela Elizabeth, que agora sonha mais alto. Este ano, os Buss vão construir uma agroindústria maior e, depois, planejam abrir um café colonial. “Antes eu não tinha ideia do que queria fazer da vida, mas agora sei exatamente o que quero para meu futuro”, diz a empresária.
            “Três ou quatro vezes por mês vamos a Chapecó pegar balada. Pode ser quinta, sexta ou sábado, não interessa o dia”, conta Vinícius Dedonatti, 24 anos, que vive no interior de Arvoredo e comanda a produção de leite com o irmão gêmeo, Eduardo. Os negócios vão tão bem que eles estão comprando um apartamento em Chapecó para ter onde ficar quando vão às festas. “Acho que iria me sentir preso na cidade. Gosto de ser livre, dono do meu tempo e não precisa cumprir horário. Aqui a gente aproveita mais a vida”, diz Vinícius.
            No mundo virtual, a vida também é agitada: os irmãos têm perfis em diversas redes sociais e estão sempre atualizados com o que surge de novo. “Gostamos de tecnologia. Usamos para conhecer gente, encontrar amigos, estudar e pesquisar coisas do trabalho”, conta o jovem.
            Mas antes dos momentos de lazer, eles têm muita disposição para trabalhar. Assumiram a produção de leite na adolescência e, em 2011, com ajuda da Epagri, implantaram uma série de tecnologias para melhorar a atividade. Hoje são 16 hectares de pastagem e 38 animais em lactação. A produtividade subiu de 6 mil para 15 mil litros por hectare, e o custo de produção caiu pela metade. “Antes não sobrava quase nada de lucro e agora a renda quase triplicou”, diz Vinícius.
            Neste ano, Eduardo termina a faculdade de Agronomia, então Vinícius vai fazer Medicina Veterinária. No futuro, eles pensam em produzir queijos diferenciados para elevar ainda mais a renda. “Na adolescência eu tinha vergonha de viver no interior e trabalhar no campo, mas agora não, vejo isso como um negócio. Os jovens precisam buscar melhorar a propriedade para intensificar a renda, se não estão perdendo tempo de vida”, aconselha Vinícius. Jornalista Léo. (LM jornalistaleo@radiosentinela.com.br  www.radiosentinela.com.br 05-05-16)

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