Continuação - Repórter ESSO,
exemplo de radiojornalismo
O Repórter ESSO ficou quase trinta anos no ar.
Ele estreou no dia 28 de agosto de 1941, poucos dias
antes de o Brasil entrar na Segunda Guerra Mundial.
A última edição do noticiário foi apresentada em 31 de
dezembro de 1968, poucos meses antes de o homem pisar na Lua. Foi uma
edição inesquecível, em que não faltou a despedida emocionada do então
locutor Roberto Figueiredo.
Gerações de brasileiros ouviam e acreditavam em tudo o
que o Repórter ESSO dizia. Aliás, credibilidade é uma das características
do Rádio.
Todos se lembram da famosa vinheta criada pelo maestro
Carioca da qual emergia a voz potente e segura de Heron Domingues:
AMIGO OUVINTE, AQUI
FALA O REPÓRTER ESSO, TESTEMUNHA OCULAR DA HISTÓRIA...
A verdade é que ninguém punha em dúvida as notícias
divulgadas pelo o Repórter ESSO. A Rádio Tupi foi a primeira emissora
brasileira a informar o fim da Segunda Guerra Mundial. Contudo, a população
só comemorou quando a notícia foi dada (ou validada) por Heron Domingues.
A enorme credibilidade de Repórter ESSO explica, sem
dúvida, o seu sucesso e o fato de, ainda hoje, ser lembrado e citado como
exemplo de exatidão jornalística.
O Repórter ESSO
não apenas inovou, como ensinou, e seus ensinamentos anda estão presentes
nos noticiários de hoje. Foi o Repórter ESSO que criou a técnica da
“manchete” na abertura do texto
|
(uma forma de
chamar a atenção dos ouvintes), procedimento imediatamente incorporado
pelos demais noticiosos e ainda em uso, até nos jornais televisivos. Só num
ponto os noticiários atuais se diferenciam: o Repórter ESSO, Heron
Domingues, imprimia emoção a leitura dos textos.
Hoje, a frieza, em nome da objetividade, faz com que os
locutores, conforme diria Nelson Rodrigues, noticiem uma tragédia ou um
fato histórico como quem chupa um picolé.
Heron Domingues não fazia uma locução mecânica, mas
locução viva, empolgante, própria dos que percebem (e desejam levar ao
ouvinte) a dimensão real do fato narrado.
O Repórter ESSO, foi um marco no radiojornalismo
brasileiro.
O Repórter ESSO inaugurou, no Brasil, um tipo de
noticiário pautado pela síntese: os textos lidos eram objetivos, ligeiros;
as frases curtas, o que facilitava a leitura e a assimilação do seu
conteúdo, como explicou o próprio Heron Domingues:
“A imprensa é a analise, o rádio, a síntese. A imprensa
dirige-se aos que são analfabetos. As frases radiofônicas são curtas,
contêm apenas o sujeito, o verbo e o objeto direto ou indireto.
A vibração da palavra no tímpano de cada ouvido é fugaz;
e o entendimento deve ser instantâneo para que o cérebro possa acompanhar o
curso da notícia.”
Em 1962, o Repórter ESSO transferiu-se para a televisão,
embora mantivesse suas transmissões radiofônicas. Como tantos outros
programas que seguiram tal caminho, não resistiu – e nem podia.
Em 31 de dezembro de 1968, o Repórter ESSO fez a opção
definitiva pela televisão, onde permaneceu pouco mais dois anos. Continua –
próxima edição, nascimento da Rádio Nacional: PRE-8... Leopoldo Miglióli.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário