quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

HERON FEZ ESCOLA (03)

AMIGO OUVINTE, AQUI FALA O REPÓRTER ESSO, TESTEMUNHA OCULAR DA HISTÓRIA!
Continuação - Repórter ESSO, exemplo de radiojornalismo
O Repórter ESSO ficou quase trinta anos no ar.
Ele estreou no dia 28 de agosto de 1941, poucos dias antes de o Brasil entrar na Segunda Guerra Mundial.
A última edição do noticiário foi apresentada em 31 de dezembro de 1968, poucos meses antes de o homem pisar na Lua. Foi uma edição inesquecível, em que não faltou a despedida emocionada do então locutor Roberto Figueiredo.
Gerações de brasileiros ouviam e acreditavam em tudo o que o Repórter ESSO dizia. Aliás, credibilidade é uma das características do Rádio.
Todos se lembram da famosa vinheta criada pelo maestro Carioca da qual emergia a voz potente e segura de Heron Domingues:
AMIGO OUVINTE, AQUI FALA O REPÓRTER ESSO, TESTEMUNHA OCULAR DA HISTÓRIA...
A verdade é que ninguém punha em dúvida as notícias divulgadas pelo o Repórter ESSO. A Rádio Tupi foi a primeira emissora brasileira a informar o fim da Segunda Guerra Mundial. Contudo, a população só comemorou quando a notícia foi dada (ou validada) por Heron Domingues.
A enorme credibilidade de Repórter ESSO explica, sem dúvida, o seu sucesso e o fato de, ainda hoje, ser lembrado e citado como exemplo de exatidão jornalística.
O Repórter ESSO não apenas inovou, como ensinou, e seus ensinamentos anda estão presentes nos noticiários de hoje. Foi o Repórter ESSO que criou a técnica da “manchete” na abertura do texto
 (uma forma de chamar a atenção dos ouvintes), procedimento imediatamente incorporado pelos demais noticiosos e ainda em uso, até nos jornais televisivos. Só num ponto os noticiários atuais se diferenciam: o Repórter ESSO, Heron Domingues, imprimia emoção a leitura dos textos.
Hoje, a frieza, em nome da objetividade, faz com que os locutores, conforme diria Nelson Rodrigues, noticiem uma tragédia ou um fato histórico como quem chupa um picolé.
Heron Domingues não fazia uma locução mecânica, mas locução viva, empolgante, própria dos que percebem (e desejam levar ao ouvinte) a dimensão real do fato narrado.
O Repórter ESSO, foi um marco no radiojornalismo brasileiro.
O Repórter ESSO inaugurou, no Brasil, um tipo de noticiário pautado pela síntese: os textos lidos eram objetivos, ligeiros; as frases curtas, o que facilitava a leitura e a assimilação do seu conteúdo, como explicou o próprio Heron Domingues:
“A imprensa é a analise, o rádio, a síntese. A imprensa dirige-se aos que são analfabetos. As frases radiofônicas são curtas, contêm apenas o sujeito, o verbo e o objeto direto ou indireto.
A vibração da palavra no tímpano de cada ouvido é fugaz; e o entendimento deve ser instantâneo para que o cérebro possa acompanhar o curso da notícia.”
Em 1962, o Repórter ESSO transferiu-se para a televisão, embora mantivesse suas transmissões radiofônicas. Como tantos outros programas que seguiram tal caminho, não resistiu – e nem podia.
Em 31 de dezembro de 1968, o Repórter ESSO fez a opção definitiva pela televisão, onde permaneceu pouco mais dois anos. Continua – próxima edição, nascimento da Rádio Nacional: PRE-8... Leopoldo Miglióli.

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