Mudando
de ideia, que era de entrar de licença por 30 dias, Getúlio Dorneles
Vargas, redige sua carta tresloucada de decisão de suicidar-se.
E finda
com estas seis amargas palavras:
Saio da Vida para
Entrar na História.
Foi logo
depois da fatídica reunião que varou noite adentro. Os ministros de Estado
presentes decidiram pelo seu afastamento do cargo de Presidente da
República. Resposta: só morto!
“Getúlio
recebe abraços e retira-se para seus aposentos no Palácio do Catete. Entre
outras acusações, o atentado ao jornalista Carlos Lacerda, pesava mais.
Havia sido atingido com tiro na perna, em Copacabana, ao retornar a casa de
comício, às 3h30m.”
O
suicídio – às 8h25m Getúlio se suicida, com tiro no peito. Às 09h15min o
mundo toma conhecimento da morte do então Presidente da República, através
da Rádio Nacional – Programa de radiojornalismo: Repórter ESSO.
Heron
Lima Domingues, o maior repórter da história do Brasil, anunciava a
desgraça com estas palavras:
-Amigo
ouvinte do Repórter ESSO, atenção... Muita atenção!
E
largava a melancólica mensagem de Getúlio Vargas: escrevera minutos antes.
A nação perplexa se assusta e começa a mobilizar-se.
A Carta Testamento
“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo
coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim.
Não me acusam, insultam; não me
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combatem, caluniam e não me dão o direito de
defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu
não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de
decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros
internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho
de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar.
Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos
internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime
de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no
Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam
os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas
riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de
agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não
querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja
independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía
os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até
500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam
fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise
do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu
preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto
de sermos obrigados a ceder.” Continua –
Leopoldo Miglióli, Jornalista Léo.
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