CONTINUAÇÃO – Em
08 de dezembro às 16h43min de 2014, continua a entrevista da VEJA com a
ex-estudante Lígia, agora perdida no mundo do CRACK.
Outra Recaída,
mais uma reincidência
É possível mais uma visita à Favela Esmaga Sapo e, finalmente, o crack proclamou sua vitória
sobre Ligia. O repórter e o fotógrafo de VEJA a encontraram em um barraco
de tabuas, fincado às margens de um canal de esgoto, fumando crack com uma
moradora.
Ela pediu dez minutos para se
recompor. Ao final desse período, tirou uma pedra presa ao elástico da
calça e começou a preparar mais um cachimbo.
E outro, e outro... “Só mais esta”.
insistia. Ligia repetiu o ritual diversas vezes por cinco horas. Com toda a
droga consumida, ela passou a procurar freneticamente por alguma pedra de
crack extraviada no chão, enquanto dizia: “Só mais uma...”
A recaída é uma consequência quase
certa para os viciados em crack que tentam largar a droga sem um
acompanhamento médico e psiquiátrico constante. Depois de um período sem
fumar.
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É possível vencer o crack, mas não
sem tratamento, diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp). Mesmo para quem passa por internações e
recebe o devido acompanhamento, a taxa de reincidência chega a 15%. A
compulsão pela droga se explica pela sua dinâmica no organismo. O crack
inalado leva apenas oito segundos para elevar a produção de dopamina no
cérebro, criando uma sensação imediata de prazer.
Esse estado, porém, dura pouco. O
efeito da droga passa em cinco minutos – enquanto o da cocaína leva até 45
minutos para se dissipar. Por isso, o usuário de crack tende a recorrer a
uma pedra atrás da outra.
“O fato de a pessoa que acredita
ter vencido a droga voltar a frequentar os locais e a visitar pessoas que
sempre estiveram associados à sua dependência é um comportamento comum e
arriscado.”
Passado o efeito do crack, Ligia
teve uma crise de choro entremeada de um monólogo desesperado: “Aceito
tudo, mas não vou me separar de minha filha”. Desta vez o amor de mãe falou
mais alto que o pernicioso e degradante vício do CRACK.
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